Esta foi a segunda edição do Impressões Expressas e o cariz interpretativo literário continuou a assumir-se como a principal função do projeto, este ano, dedicado a Sophia de Melo Breyner.
Cada vez mais os universos literários, como os expositivos, se vão cruzando com as questões da tecnologia. Daí que o projeto Sophia Sophia da autoria de Sara Orsi seja pertinente porque explora de forma assumida este debate contemporâneo. Não se colocando à margem de processos que lhe são muito íntimos, com recurso às técnicas de programação e manipulação web, a artista permite que as obras de Sophia de Melo Breyner sejam redescobertas sobre uma experiência provocadora de novas ressonâncias. Porém, esta não é uma obra que colide com a poesia da autora, pelo contrário, vai ao encontro da sua obra, e dispõe, de um modo subtil, um novo tempo, um novo significado, uma minuciosa construção a partir do acaso de uma linguagem de programação tecnológica mais complexa e impercetível ao público.
A partir do que é visível – a pintura de trechos no chão da rampa dos Jardins do Palácio de Cristal –, a experiência inicia-se. Parte, portanto, do tecido do lugar e, por via da tecnologia, com recurso do smartphone, passa para um segundo plano em cujo grau da interferência humana acontece. Esta relação, que explora e conflui o corpo, o espaço e a literatura, interroga o público sobre a criação do novo a partir de Sophia de Melo Breyner.
As viagens, infinitas, através do recurso à APP não reproduzem a obra da poetiza, que em 2017 é o tema da Feira do Livro do Porto, mas utiliza a tecnologia como um sistema que parte da mão humana e cria novas composições, novas combinações, novas formas de olhar, novas formas de compreender, novas relações com o parque, novas formas de celebrar.